sexta-feira, 26 de julho de 2019


Não pensei que sentiria tanto em organizar as coisas para me mudar, crente na minha decisão e consciente da necessidade da ação, mas ao limpar a geladeira tudo doeu aqui dentro do peito. Lembrei do dia em que ela chegou, estava tão feliz, naquele dia o que sentia era a sensação de sucesso, realização, achei que estava caminhando para frente, virando adulta, comprando móveis, eu tava feliz, me senti capaz. E hoje o sentimento de insucesso bateu fundo, uma incapacidade, um sentimento de que não era pra ser assim, não era pra eu estar vendendo tudo, não era pra eu ter que ir embora de volta pra casa dos meus pais, por mais que eu já sabia que tudo isso aconteceria, sei lá, parece que estou dando um passo para trás. Não estou de fato infeliz, não é como se não fosse uma decisão pensada, mas sinto como se fosse pra ser de outra forma, essas coisas não estavam no meu plano original ao sonhar em ser engenheira. Eu quis te ligar, só consigo pensar em conversar pra desabafar com você, mas hoje foi um daqueles dias em que você some. Eu não tenho o direito de cobrar atenção, eu sei, e sei que às vezes é chato ficar me ouvindo falar e falar. É que seu consolo me acalanta, me coloca na direção certa. Mas acho que hoje era pra ser um desses dias mais introspectivos mesmo, foi muito dolorido tirar as coisas dos armários, separar tudo pra vender/doar. Eu sou muito apegada. Me apeguei a ideia de ser dona de mim mesma, de ser independente, mas acho que o que tá rolando é na verdade algo bem o contrário disso e que nem estou saindo com um saldo tão positivo quanto poderia. Talvez a minha generosidade seja burrice, ingenuidade ou preguiça. As vezes acabo me prejudicando pra ajudar os outros. Lembrei daquele momento mais cedo na praia, senti Deus me relembrando que o que devemos fazer para além de tudo é SERVIR. E é o que tenho procurado fazer, mas acho que ainda não entendo bem o que de fato é servir. Eu só espero que tudo acabe bem. Que essa falta de fôlego acabe. Que eu não me arrependa por ter agido de bom coração. E entrego tudo o que vier nas mãos Daquele que não cochila, que me entende, que sempre está comigo. Meu futuro é seu Senhor, ensina-me a servir, ensina-me a ser desprendida, desapegada. Que eu não tenha medo dos recomeços. Obrigada por ter me permitido viver tantos momentos felizes e que eu saiba entender a brevidade da vida com esses acontecimentos.

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